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Rituais com o rapé

 

            O rapé usado em rituais, chamado de “roda de cura” é um cerimonial voltado a um uso terapêutico do rapé. A cerimônia pode ser constituída de vários rituais, tais como defumações, orações, cantos e a aplicação do rapé (usa-se a expressão “tomar rapé”).

            Para pessoas inexperientes, o rapé pode causar uma forte impressão a respeito (assustar-se com a sensação ou vivenciar uma forte experiência) e por isso, cabe a quem está aplicando e conduzindo o ritual, explicar e proporcionar um ambiente seguro para que a pessoa possa realmente se entregar ao processo. Além disso, para uma primeira vez, geralmente é aplicado doses menores e sopros moderados. Para pessoas experientes com esta medicina, a aplicação pode ser muito variada, de acordo com as necessidades e objetivos.

            O rapé é uma medicina basicamente de conexão. Trata-se de um poderoso alterador de consciência (enteógeno). Saliento isto, pois o rapé, espiritualmente falando, tem o poder de abrir inúmeros portais e a pessoa pode acessar diferentes dimensões. Por esse motivo, é imprescindível estar em ambiente seguro e próprio para tal experiência. Os cantos, assim como em rituais com ayahuasca, tem um papel muito importante para conduzir a pessoa a um caminho de cura e iluminação.

            Rapé é coisa séria! O uso desta medicina deve sempre estar alinhado a um propósito espiritual. É preciso estar concentrado, em oração, procurando a firmeza, juntamente à entrega, para poder receber a cura ou a instrução espiritual.

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Sintomas e benefícios do rapé

 

            A experiência com o rapé é muito intensa. A pessoa vivência uma série de reações físicas, psicológicas e espirituais em pouquíssimo tempo.

            Os sintomas diretos da aplicação forte de rapé são: forte ardência de toda face nasal, sensação de queimação nas cavidades, forte pressão na cabeça, tontura, acelera os batimentos cardíacos, falta de ar, náuseas, vômitos, sensação de paralisação corporal, entre outras. Porém, isto é o extremo, pois um sopro moderado pode ser bastante tranquilo, apenas sentido leve tontura e relaxamento do corpo.

            O rapé deve ser soprado em ambas às cavidades nasais. Quando iniciamos um trabalho cerimonial, destacamos muito esta informação. Cada uma das faces nasais representa um meridiano do corpo. O lado direito é associado ao masculino (racional) e o lado esquerdo o feminino (intuitivo). A pessoa que vai receber um sopro pela primeira vez deve estar ciente disto. Algumas experiências que tivemos, demonstraram que a pessoa que não se propõe receber o segundo sopro (medo), acaba entrando em um processo tão ou mais forte que o habitual. Isso basicamente se deve pelo fato da pessoa não se entregar ao processo de cura e/ou também rejeitar a medicina, o que, de certa forma é como rejeitar o espírito do rapé.

            O rapé, psicologicamente falando, trata principalmente dos medos. Uma aplicação forte de cura pode levar a pessoa a vivenciar sua própria sombra e acessar os medos mais obscuros. Inúmeras experiências comprovaram a eficiência no trato de depressões, medos obsessivos, insônia, ansiedade, entre outros.

            Há indícios que a cinza de pau pereira neutralize parte da nicotina do tabaco, o que torna o rapé um meio de curar tabagistas. Comprovadamente pude conhecer várias pessoas que largaram o vício (cigarro) após fazer ritual com uso de rapé. Particularmente venho estudando o rapé há algum tempo e, costumam me perguntar: “rapé vicia?” A resposta é simples: o uso ritualístico (dentro do sagrado – espiritual) do rapé não vicia. Porém, mesmo este rapé com cinza de tsunu pode viciar àqueles quem fazem o mau uso (usam rapé sem um propósito espiritual) desta medicina.

            Sob a óptica espiritual, o rapé pode expandir muito a consciência e a mediunidade. Pessoas com forte mediunidade vivenciam intensas experiências com o rapé, recebendo com clareza informações, orientações e curas. Para quem trabalha com esta medicina, ela é excelente para trazer o centramento, conexão, instruções para o trabalho espiritual e, além disto, protege nosso corpo e espírito. 

            O rapé também é muito eficiente para tratos do sistema respiratório e digestivo. Eu mesmo curei minha sinusite e inúmeras pessoas já se curaram de renites, tiveram maior imunidade contra resfriados e outras disfunções respiratórias. O rapé é muito poderoso para tratar o sistema digestivo. Energeticamente, ele atinge de forma direta o plexo solar (região do estômago – também associada aos medos, ansiedade, etc.), fazendo com que a pessoa arrote ou até mesmo vomite, eliminando energias densas desta região. É também muito eficaz para tratar a constipação (efeito imediato). O rapé ainda traz curas rápidas de dores (cabeça ou no corpo), desperta o corpo (quando sonolento e preguiçoso), traz relaxamento, e sensação de frio (baixa a pressão).

O povo Yawanawa tem como costume tomar rapé no final da tarde, após o trabalho para resfriar o corpo e relaxar, seguido de um banho de rio. O rapé tem energia predominante da terra. Por ser uma energia densa, quando estamos sob o efeito forte do rapé, a forma mais simples e rápida de diminuir o efeito é banhar-se com água fria.

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